sábado, 15 de novembro de 2008

Reciclagem na passarela

Luciana Barbo Repórter Materiais que seriam jogados no lixo e técnicas de artesanato tradicionais foram os instrumentos usados por artesãs do Distrito Federal, Pernambuco, Ceará e Alagoas para a construção de quatro coleções de moda que serão apresentadas na quinta edição do Brasília Fashion Festival (BFF). O evento tem como tema a bossa nova e vai movimentar o Brasília Alvorada Hotel entre os dias 14 e 16 de novembro. Sob a batuta do mineiro Ronaldo Fraga, considerado um dos maiores estilistas do país, quatro grupos colocaram a criatividade à prova para reutilizar banners de lona plástica, jornal, lacres e fundos de latas de cerveja e refrigerantes, agregados a técnicas como tecelagem, crochê, cestaria, entre outras. A ONG Paranoarte, que agrega artesãs do Paranoá, Varjão, Itapuã e Lago Azul, vai desfilar pela quinta vez no evento. Para a temporada de alto verão, também chamada de resort, a equipe criou uma trama que mistura barbante a tiras de banners. «Queremos mostrar que este material pode ser agregado a técnicas artesanais e se transformar numa nova matéria-prima», afirma a coordenadora do grupo, Aída Rodrigues. A coleção é formada por vestidos, macacões, blusas e saias que ganharam um ar de modernidade com a introdução da lona plástica à trama do tecido. O material também foi usado na trama de um modelo de sandália, que vai compor os 21 looks da apresentação junto a bolsas em tear com aplicações de jornal. As 52 artesãs envolvidas na produção da Mãos Que Criam, da Estrutural, também usaram jornais velhos para a produção das peças da primeira coleção a ser desfilada no BFF. As bolsas são elaboradas a partir de folhas enroladas em forma de canudo e depois trançadas de acordo com técnica de cestaria. Logo após, a peça passa por um processo de pintura. Os periódicos também servem para a elaboração de brincos. Outras técnicas usadas pela cooperativa, que exporta suas criações para a América Latina e Ásia, são crochê e bordado, aplicados a camisetas de malha. «É uma satisfação muito grande ver nosso trabalho sendo reconhecido. Nossa auto-estima está lá em cima. Temos o maior prazer em mostrar o nome da nossa cidade», diz a coordenadora do grupo, Sônia Maria Mendes. Lacres de lata viram moda Com seis anos de existência, a cooperativa La:cre faz arte com o anel e o fundo de latas de alumínio. Mulheres do Riacho Fundo II, Recanto das Emas e Santo Antônio do Descoberto trabalham nos últimos detalhes para o debut no encontro de moda. Barbante cru e linha de crochê unem os lacres para formar bolsas, cintos, braceletes, sandálias, tiaras de cabelo e gargantilhas. Os acessórios serão completados por vestidos e batas criadas por Ronaldo Fraga com um tecido que leva papel em sua composição. Embora já exportem suas peças para os Estados Unidos, as artesãs esperam que essa seja uma oportunidade para conquistar o mercado interno. Mas nem só de reciclagem vai se resumir as apresentações das cooperativas no BFF. A estilista Icléa Coutinho, que vem desenvolvendo um trabalho de valorização da renda no litoral do Nordeste com centenas de artesãs, vai mostrar que renda renascença, filé e labirinto podem compor mais do que capas de almofadas e toalhas de mesa. Sua última coleção, mostrada no BFF 3 em parceria com a cooperativa Etnia das Artes, misturou o linho à renda renascença, sob o tema «Literatura de Cordel» e foi aplaudida de pé. Desta vez, ela se apresenta «Linhas que traçam renda» traz inspiração nas melindrosas dos anos 20, com vestidos, pantalonas e blusas românticas. «Fizemos um trocadilho, pois renda tanto é o tecido, como o dinheiro gerado por este trabalho», afirma a estilista formada pelo Fashion Institute of Technology, de Nova Iorque. Ao lado da renda, figuram tecidos confortáveis, como cambraia de linho e filó de algodão, em tons pastéis (verde, rosa e azul), além de branco e preto. Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/v2/busca/index.php?sessao=3&ver=1&noticia=1516

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