domingo, 18 de dezembro de 2011


clique na imagem

Poema de Natal
(Vinicius de Moraes)

 
Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos —

Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos —

Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez de amor

Uma prece por quem se vai —

Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte —

De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.

Um comentário:

  1. .
    00000000_00000000_000_____000_00000000
    000______000______000_____000_____000
    000______000______000_____000____000
    00000____00000____000_____000___000
    000______000______000_____000__000
    000______000______000_____000_000
    000______00000000_0000000_000_00000000

    _000000_____00000_______000____000000
    00____00___0000000_____0000___00____00
    0_____00__00_____00___00_00___0_____00
    _____00___00_____00______00________00
    ____00____00_____00______00_______00
    ___00_____00_____00______00______00
    __00______00_____00______00_____00
    00000000___0000000_______00___000000000

    ResponderExcluir