segunda-feira, 20 de julho de 2009

Artesanato popular é moda em Brasília

Artesãs entram no mercado da moda em busca de sustento e transmitem cultura Por Marianna Domenici

O mundo da moda em Brasília apoia a produção cultural não apenas com aplausos. Há marcas e estilistas locais interessados em transmitir a cultura da capital federal de maneira solidária e auto-sustentável. Apoena, Cia do Lacre, Paranoarte e Mãos que Criam são alguns deles. O trabalho dessas marcas está relacionado ao artesanato da cidade.

Segundo dados da Secretaria de Trabalho, o Distrito Federal conta com 14 mil artesãos. A inclusão desses trabalhadores no mercado da moda foi a solução para muitas famílias desempregadas e em situação precária. A maioria dos artesãos são mães de família com algum estudo, mas sem colocação no mercado de trabalho, que decidiram lutar pelo sustento e receberam amparo do governo. As artesãs tiveram a chance de aprender moda na teoria e na prática, por meio de palestras, oficinas técnicas e grupos de estudo oferecidos pelo GDF. Muitas tiveram as carteiras de trabalho assinadas. Em contrapartida, elas enriqueceram e inspiraram o ambiente de serviço com bagagem cultural.

"A moda é o instrumento da nossa eterna busca por um mundo melhor e mais justo", afirma Kátia Ferreira, idealizadora da Apoena. Ela trabalha com 238 artesãs, costureiras e bordadeiras de cooperativas de todo o DF, e beneficia 600 famílias com ações sociais. A estilista tem parceria com o Ministério do Turismo. Kátia seleciona mulheres desempregadas ou subempregadas para desenvolver as coleções idealizadas e desenhadas por ela. As peças, além de viajarem por todo o país, são exportadas para Espanha, França, Japão e Estados Unidos Kátia tenta refletir nas peças a formação da cultura de Brasília, uma rica mistura com diferentes traços regionais. "A cultura de Brasília é como uma colcha de retalhos, formada por um pouco de cada região do Brasil, assim é a moda da Apoena, formada por técnicas artesanais encontradas em todo o país", explica a estilista. Kátia lembra que os brasilienses estão nascendo agora. "Nossas raízes culturais são mescladas. A moda precisa ter um pouco do estilo de cada região para refletir essa riqueza", afirma.

A Cia do Lacre, fundada pela artesã Francisca Silva, mais conhecida como Chica Rosa, tem 33 sócias que são beneficiadas diretamente com a produção do trabalho. Indiretamente, mais de 100 mulheres são favorecidas pela Cia do Lacre, localizada no Riacho Fundo I. A associação de artesãs confecciona bolsas e acessórios com lacres de latas de alumínio entrelaçados em crochês e tecidos. "Nosso trabalho é solidário, auto-sustentável e ecologicamente correto", diz Francisca. Os lacres são comprados de empresas e de catadores ou adquiridos por meio de campanhas: "O nosso trabalho é arte. A arte é popular e deve ser popular, seja ela qual for", afirma a artesã. O grupo de mulheres acaba de voltar de Caldas Novas e está muito feliz com o sucesso dos produtos.

A proposta do Paranoarte consiste em buscar em comunidades carentes do DF pessoas com habilidades para desenvolver trabalhos artesanais. Tapetes, almofadas, bolsas, bonecas e diversos acessórios são criados com retalhos, fuxicos, biscuits, tricôs e bordados. A última coleção da marca recebeu o nome de "Entardecer no Cerrado". A inspiração foi o céu de Brasília, em especial o pôr-do-sol que estampa as coleções. Plantas nativas, como a caliandra, também enfeitam o artesanato das comunidades carentes. A novidade é a reciclagem de banners para a confecção das peças.

Fotos Mariana Domecini

Fonte: http://www.iesb.br/ModuloOnline/NaPratica/?fuseaction=fbx.Materia&CodMateria=4615

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