Na cerimônia de abertura oficial, realizada na noite desta quinta-feira (13), na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, o ministro interino da Cultura, Alfredo Manevy, declarou que o encontro da Teia é o momento mais importante de discussão e celebração da agenda dos Pontos de Cultura realizada no Planalto Central.
“A ocupação de Brasília pelos Pontos de Cultura carrega um simbolismo especial que significa a presença da política institucional e uma presença nova dos grupos socioculturais brasileiros na agenda social do país”, diz Manevy.
Segundo ele, serão dois dias de discussões em torno de agendas essenciais para a política cultural brasileira. “O grande legado do ministro Gilberto Gil foi ter deixado um ministério à altura da afirmação da cultura como direito, como direito universal — um orçamento à altura das necessidades culturais do país e a cultura como demanda de todos os brasileiros.”
Ele lembrou que essa afirmação é retratada nos Pontos de Cultura. “Talvez o seu programa mais significativo e mais sintomático, porque os Pontos de Cultura já existiam e foi a gestão atual que reconheceu essa imensa gama de experiências na sociedade brasileira, que já estavam presentes no Brasil, trabalhando, construindo nas suas comunidades, realizando seus cineclubes, realizando seus processos de arte e educação, em periferias, favelas e pequenas cidades”.
Para o ministro interino, o que o Ministério da Cultura (MinC) fez foi reconhecer e apoiar as iniciativas espalhadas pelo país para que cumpra um papel estratégico no desenvolvimento do país. “Esse momento é importante porque discutimos a reforma da Lei Rouanet, principal mecanismo de financiamento à cultura, que não permitiu, nos 20 anos de existência, que pudéssemos transformar os baixos indicadores de acesso à leitura, de acesso à biblioteca, de acesso a centros culturais”.
A legislação — diz Manevy — “não foi capaz de alterar esse quadro. Então estamos propondo uma reforma da legislação, para criarmos um fundo para a cultura brasileira capaz de dar conta de todas as demandas e necessidades da população, no plano cultural”.
Igualdade Social
Para o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, o conceito que se tem hoje de igualdade está em descompasso com a realidade do Brasil. “A pessoa que ganha o seu primeiro computador aos cincos anos não tem as mesmas oportunidades daquele que só conhece informática aos 16. Queremos igualdade no ponto de partida”, enfatizou.
Vannuchi ressaltou que as ações promovidas pelo MinC, com os Pontos de Cultura, significa o início da recuperação do fortalecimento da cultura popular brasileira. “Isso é reflexo das políticas públicas retomadas e formuladas por esse governo”.
Já o secretário de Cultura do Distrito Federal, Silvestre Gorgulho, pediu a democratização das leis de incentivo. “Os produtores culturais de Brasília, do Piauí, do Macapá, do Nordeste precisam ter o mesmo acesso à Lei Rouanet que tem os produtores do Rio de Janeiro e de São Paulo”. Mas Mãe Lúcia de Oyá, do Ponto de Cultura Côco de Umbigada, faz um contraponto: “Quando foi que alguém pensou, que o povo lá dá ponta, bem lá dá ponta, os terreiros de Candomblé, pudessem um dia estar em pé de igualdade dentro de uma Teia?”.
Também participaram do evento o secretário de Programas e Projetos Culturais do MinC, Célio Turino, e o novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Sérgio Mamberti.
Programação
Neste sábado (15), será realizado o Cortejo Cultural dos Pontos de Cultura, como parte integrante das comemorações do dia da Proclamação da República. A caminhada sairá do Museu Nacional da República, a partir das 15 horas, e irá até a Praça dos Três Poderes. A idéia dos organizadores é levar para a rua uma mostra da imensa diversidade da cultura brasileira, apresentando durante o trajeto do cortejo, manifestações culturais dos diferentes estados do país.
Consta ainda da programação da Teia Brasília 2008 a realização da expressão mais legítima e organizada deste movimento — o 2º Fórum Nacional dos Pontos de Cultura (II FNPC), que começou na quarta-feira (12), com a participação de mais de 600 delegados, vindos de todas as regiões do país. As atividades prosseguem até esta sexta-feira, dia 14, no auditório do Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios.
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