quinta-feira, 25 de junho de 2009
E por falar em moda !!!...
Por Margrit Schmidt
Descomplicando a Política
A nova moda que balança
"Quando Juscelino decidiu incluir a construção de Brasília no seu plano de governo, havia empreendedorismo no ar"
Brasília é Bossa Nova. A cidade é apenas um ano mais jovem que a onda musical sincopada, um dos maiores ícones da nossa sonoridade brasileira, que comemora seu cinqüentenário este ano. Evento que começou na sexta-feira última, o Brasília Fashion Festival (BBF) capturou o espírito da coisa em sua quinta edição, que traduz esteticamente os conceitos e os ares que povoavam nosso País há 50 anos. O movimento que influenciou moda, arquitetura, comportamento está plenamente representado no BBF, fazendo jus às homenagens que presta: Niemeyer, Lúcio Costa, Athos Bulcão, Juscelino e Sarah Kubitschek. E, tem algo mais, quando Juscelino decidiu incluir a construção de Brasília no seu plano de governo, havia no ar um empreendedorismo e uma sedução pelo desenvolvimento econômico e cultural, que marcaram definitivamente a história do País.
O BBF sublinha essa visão empreendedora que no final das contas é o que faz a roda do mundo girar. Nesta edição, o evento amplia os horizontes da moda ao incluir, em parceria com a Secretaria de Trabalho do GDF, o segmento de artesanato do Distrito Federal.
São cerca de 14 mil artesãos cadastrados que movimentam em torno de R$ 800 mil anuais, segundo dados da secretaria. O evento criou um lounge para expor as peças criadas por esses artistas. O governador do DF José Roberto Arruda e o vice-governador Paulo Otávio estiveram no Brasília Alvorada Hotel, na tarde de sexta-feira, para lançar o projeto do Mercado de Artesanato, espaço destinado à comercialização dos produtos dos artesãos locais. O local, um galpão ao lado da Feira dos Importados, já está sendo preparado e a previsão para a abertura ao público é no início do próximo ano.
Auto-estima
A iniciativa do BBF de incluir elementos que estariam "de fora" do exclusivo universo da moda, não é inédita, mas segue uma forte tendência em todo País: agregar valor aos inúmeros e criativos trabalhos realizados por segmentos da população que não estão presentes na engrenagem das cadeias produtivas: os artesãos. Os exemplos são muitos e variados, o Copa Roca, uma cooperativa de costureiras e artesãs da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, foi uma das pioneiras. O Sebrae tem tido uma forte atuação promovendo consultorias de design em todos os cantos do País, qualificando a mão-de-obra, melhorando os produtos locais e auxiliando na disseminação de conhecimento e tecnologias para distribuição dos produtos no mercado. Sem esquecer do magnífico trabalho capitaneado por Dona Ruth Cardoso no Programa Artesanato Solidário, que deixou muitas raízes Brasil afora.
A sociedade como um todo sai ganhando com esse tipo de visão, digamos, empreendedora inclusiva – aumenta a formalização, a renda, o emprego, a arrecadação de impostos e obviamente a possibilidade de melhorias nos serviços prestados pelos governos, municipais, estaduais e federal, aos seus cidadãos. Melhora ainda a auto-estima das pessoas envolvidas que passam a ter seu trabalho e produtos realmente valorizados.
Além da parceria com o GDF que incluiu nessa edição o lançamento da carteira profissional para os artesãos, incrementando a formalização da atividade, os estilistas incorporaram nas suas coleções produtos feitos por artesãos de diversas comunidades do DF. Um exemplo é a coleção da Paranoarte que foi apresentada na sexta-feira. O processo de desenvolvimento das roupas conta com a consultoria de Ronaldo Fraga, um estilista mineiro prestigiadíssimo no poderoso eixo Rio-São Paulo da indústria da moda. Há três anos, o estilista trabalha com a equipe de artesãs do Paranoarte, que é uma organização não governamental localizada no Paranoá, usando materiais reciclados tais como restos de banners e plásticos como matéria-prima na confecção dos tecidos. O resultado é surpreendentemente bonito. Sem falar no conceito de sustentabilidade embutido no uso de material reciclado, que hoje tem suprema importância dadas as assustadoras perspectivas climáticas e ambientais com o uso intensivo dos recursos naturais do planeta.
A bem-sucedida realização do BBF V conta com o patrocínio da Brasil Telecom, Jornal de Brasília, tem apoio do Ministério do Turismo e da Secretaria de Trabalho do GDF, mas a coroa de louros vai para sua idealizadora e produtora, a jornalista Paula Santana.
http://www.jornaldebrasilia.com.br/impresso/colunas.php?edicao=2153&IdColuna=41
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