terça-feira, 31 de março de 2009

Artesãs da Paranoarte fazem curso de capacitação em corte e costura

OPORTUNIDADE

Publicado em 30.03.2009

Por Evam Sena, do Finíssimo

A Rede Solidária de Artesanato – Paranoarte é bastante conhecida por quem trabalha com moda em Brasília. Peças da ONG já foram mostradas no Brasília Fashion Festival e encantaram o público pela qualidade dos bordados. Até então, as integrantes da rede, mulheres de baixa renda de várias cidades-satélites do DF, eram responsáveis somente pelo trabalho manual da coleção. Como muitas não têm noção de corte e costura, as peças eram desenvolvidas por estilistas.
A partir deste ano, as artesãs do Paranoarte vão ganhar mais independência. Isso porque, a partir de um convênio firmado entre o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Movimento Integrado de Saúde Comunitária do DF, integrantes da ONG vão fazer curso de corte e costura e modelagem, além de ter aulas de costura lonas plásticas reaproveitados de banners, que podem ser usados em acessórios.
O projeto foi viabilizado por uma emenda parlamentar apresentada pelo deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). As aulas são ministradas por professores do SENAI, no Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil – ICEP-Brasil, que cedeu o local no SIA e as máquinas de costura. Para o primeiro semestre, já foram montadas duas turmas de 15 alunas cada. Serão mais duas turmas semestre que vem. A idéia é que, depois do curso, aquelas que passaram pelas aulas ensinem a outras companheiras.
Desfile da Paranoarte no último Brasília Fashion Festival em 2008. Artesãs fizeram as peças orientadas pelo estilista Ronaldo Fraga.
O curso, além de capacitar profissionalmente as artesãs, é uma resposta à falta de costureiras em Brasília. “Muitos estilistas reclamam que existe pouca mão-de-obra qualificada no DF”, diz Helenice Bastos, coordenadora da Paranoarte. O projeto também vai emancipar essas mulheres para fazerem suas próprias peças e ganhar seu próprio dinheiro. “O artesanato puro não funciona na moda. Só se vier agregado a alguma peça. Muitas mulheres que já trabalharam com estilistas reclamam que não sentem seus trabalhos valorizados”, conta Helenice.
A partir do curso, as artesãs vão criar uma coleção, supervisionadas pela arquiteta Vanessa Mattos, que já ajudou a ONG com orientações para a coleção primavera-verão 2009, apresentada no Vivo Park Fashion, em novembro do ano passado. De acordo com Vanessa, os modelos começarão a ser desenvolvidos a partir do mês de vem e o conceito ainda não foi definido.
A importância dos desfiles
A Paranoarte é uma ONG que, há seis anos, dá suporte a grupos de artesãs em várias regiões do DF, como Santa Maria, Paranoá, Lago Azul, Itapoá e Recanto das Emas. Essas cooperativas trabalham com o bordado, tecelagem, confecção de tapetes ou produção de artigos para decoração com reaproveitamento de jornal. O objetivo é oferecer capacitação às artesãs, ajudar na comercialização dos produtos e levá-los para a passarela.
De acordo com Helenice Bastos, os desfiles não ajudaram muito a aumentar a venda dos produtos. “No primeiro desfile, há cinco anos, houve um aumento nas vendas, talvez, porque era novidade. Atualmente, os desfiles servem mais para dar visibilidade ao trabalho das artesãs e para mantê-las em contato com o mundo da moda, o que é muito importante”, complementa.
A Paranoarte estava escalada para desfilar no ParkFashion 2009, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de março, mas não participou do evento. “Nós não fomos chamadas com uma antecedência mínima para preparar uma coleção. E como o nosso trabalho não está só focado na moda, não tivemos tempo”, explica Helenice.

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