“A nossa dor não é só nossa”
Gente de todas as idades na sessão comunitária. “Paz para você, que veio participar”, acolhe seu Zequinha. O doutor Adalberto chega logo: muitas vitórias em 2007
“Este ano quero paz no meu coração... Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão...” Saída do pequeno aparelho de som, a música dos Incríveis confere um clima de fim de ano, bem apropriado à última sessão de terapia comunitária de 2007. Enquanto as pessoas vão se acomodando, seu Zequinha, facilitador do encontro, sugere que os participantes batam palmas, no ritmo da canção. Cumprimenta um, afaga a cabeça de uma criança, acena para outro com um sorriso largo no rosto.
Gente de todas as idades está reunida no salão terapêutico do Projeto 4 Varas, como acontece em todas as tardes de quinta-feira. Esta sessão tem apelo especial para as crianças. Como última do ano, prevê apresentação teatral ao fim do encontro, com sorteio de brindes de Natal. Por isso mesmo, falta espaço nas cadeiras que circundam a teia de aranha pintada no chão — o símbolo da comunidade. Mas não há problema: os que chegam por último sentam-se na amurada que dá suporte às paredes — que, assim como teto, são feitas com palha de carnaúba.
À sombra da luz natural da tarde e embalado pelo vento característico da orla de Fortaleza, seu Zequinha, terapeuta comunitário formado pelo próprio projeto, sugere que cada um cumprimente, “com um aperto de mão e um abraço”, a pessoa que está a seu lado. “Paz para você, que veio participar”, canta ele, lembrando que aquele é um local para desabafar, compartilhar inquietações e “tudo aquilo que nos tira o sono”.
Cada um pode falar de suas dificuldades, mas não são permitidos críticas ou julgamentos, lembra: “Aqui não se dá conselho nem se faz discurso; não se fala em tese, mas sim, em dificuldades”. Em clima de descontração, cumprimenta os aniversariantes do mês e passa a palavra ao doutor Adalberto, que acaba de se acomodar numa das cadeiras, rodeado de crianças. O psiquiatra, de bermuda e sandália, avisa que é hora de escolher o tema com o qual trabalharão naquele dia. Como se faz silêncio, ele estimula o grupo com um argumento convincente. “Aquilo que eu não digo com a boca eu vou dizer com gastrite, com depressão ou qualquer outra doença: o que a boca cala, os órgãos falam”.
Pede a palavra Sebastião, que se diz angustiado, já que a filha de 16 anos fugiu de casa “com um cara”. Ele não sabe como proceder. Quer o melhor para ela, mas não consegue perdoá-la. “Temos a fuga da filha do seu Sebastião. Mais alguém com problema?”, instiga Adalberto. Percebendo o silêncio e a impaciência de uma mulher, indaga: “A senhora quer dizer algo?”. Ela só chora e nada diz. “Como é seu nome? O que a senhora quer dizer?” Ela só abana a cabeça e diz que está “com um entalo”.
“Dona Marli tem um entalo. Alguém pode ajudar?”. Do outro lado do salão, uma vizinha de Dona Marli se apresenta e diz: “Já sofri muito com este entalo”. Doutor Adalberto pergunta se a vizinha pode falar do caso. Com a anuência de Marli, a outra diz que o problema está na gravidez da filha de 14 anos. Nesse momento, a mãe preocupada desabafa, com muitas lágrimas. Conta que o rapaz que engravidou a filha já se comprometeu em assumir a criança, “mas vive com outra”. Ela diz sentir “ódio” da filha naquele momento. “Não agüento nem olhar pra ela!”
O terapeuta acalma dona Marli e inicia o processo de votação do tema com o grupo. A ampla maioria decide ajudá-la. Adalberto relembra as regras seguidas a cada sessão. No primeiro momento, todos podem fazer perguntas a dona Marli. Na segunda fase, quem já viveu situação semelhante pode contar sua história. A partir daí, o grupo se movimenta para saber mais sobre o caso. “A menina estuda?”; “como descobriu que a filha estava grávida?”; “qual foi a reação do pai?”; “a senhora engravidou com que idade?”, indaga um menino que não aparenta mais de 10 anos.
É aí que Adalberto intervém com uma pergunta crucial. “Dona Marli, a senhora não acha que está vendo a senhora mesma na sua filha? As vezes a gente sofre por perceber no outro uma situação que aconteceu com a gente”, diz ele. Ela relata que ficou grávida muito jovem e sofreu muito, em especial com a falta de apoio do marido. Ele tranqüiliza a mãe preocupada com bom humor: “Dona Marli, a senhora estava entalada com um espelho! Estava vendo a senhora, e não sua filha!”. Ela já esboça um sorriso, quando ele orienta para o início da segunda fase da terapia.
VITÓRIAS DIVIDIDAS
Seu Sebastião, que assistia a tudo calado, apóia dona Marli, contando que sentiu o mesmo que ela; um senhor de idade comenta que ele e a mulher passaram a mesma situação com a neta, mas já se acostumaram à idéia; a jovem em frente, com uma criança no colo, conta que ficou grávida do primeiro filho aos 15 anos e sofreu tudo aquilo. “Quando minha mãe viu o neto, lindo e saudável, fez as pazes comigo. Hoje, sou feliz com meus dois filhos”. A esta altura, dona Marli, bem mais calma, recebe o abraço da vizinha e declara que vai “dar tempo ao tempo”. Enxuga as lágrimas, agradece a solidariedade do grupo e sorri, finalmente aliviada.
Como é a última sessão do ano, doutor Adalberto estimula as pessoas a declararem qual foi sua maior vitória em 2007. Entre um gole e outro do chá de erva cidreira que circula em bandejas e uma mordida no bolo de milho quentinho, a palavra é dada a todos. Muitos festejam o novo emprego, a reforma da casa, uma conquista dos filhos; uma senhora se orgulha por ter recebido alta de um Caps; seu Sebastião compartilha a felicidade de ter se livrado do álcool e das drogas; dois meninos dividem as vitórias num campeonato de surf; um rapaz se alegra em contar que passou no vestibular, outro se anima ao relatar como conseguiu superar as dificuldades e hoje pode sustentar, sozinho, a mulher, o filho recém-nascido e a mãe idosa, depois de anos desempregado.
A maioria considera sua maior vitória simplesmente poder ter estado ali, durante todo o ano, dividindo angústias e preocupações. Ao fim, é doutor Adalberto quem revela suas maiores conquistas em 2007. Para ele, uma delas foi o Projeto 4 Varas ter recebido a visita de Margareth Chan. “Para vocês terem uma idéia, receber visita da diretora da OMS é como uma paróquia receber o papa”, diz.
Outra vitória, segundo ele, foi a ligação do ministro Temporão informando que a terapia comunitária seria política pública de saúde em todo o país. “Não há dinheiro que pague essa conquista”, disse Adalberto, sob aplausos. Encerrada a rodada de depoimentos, o grupo se põe de pé e começa a cantar, de braços dados, a melodia: “Tô balançando, mas não vou cair. Tô balançando na terapia, mas não vou cair...” Enquanto o grupo se movimenta, coeso, o terapeuta estimula: “A gente não cai porque está apoiado pelo outro. É no ombro amigo que se descobre que a nossa dor não é só nossa. Esse é o movimento da vida”. Olhos emocionados diante do encontro, ele resume a proposta do projeto: “Sair da rigidez. Toda convicção é uma prisão. A terapia é pra gente tirar essas convicções”.
Com um abraço coletivo, o encontro se encerra, mas ninguém sai dali. Ainda há o sorteio dos brindes que eles mesmos trouxeram, e a encenação de Natal que desde cedo deixa as crianças ansiosas. E, para o ano que começa, ficam as estrofes da mesma música que iniciou a sessão: “Sonhos que vamos ter / Como todo dia nasce novo em cada amanhecer...”
Entrevista
ADALBERTO BARRETO
“Aqui o remédio é a palavra”
O Projeto 4 Varas, um achado para a gente pobre abandonada nas comunidades — e por que não para gente rica também? — parece simples nas palavras de Adalberto de Paula Barreto. Essa simplicidade talvez venha de seu amplo currículo. Três graduações, em Medicina (UFC), Filosofia e Teologia (França e Itália), dois doutorados, em Psiquiatria pela Universidade René Descartes, a antiga Paris V, sobre “a comunicação com a família do esquizofrênico”, e em Antropologia, pela Université Lyon 2, sobre “a medicina popular no sertão do Ceará hoje”. Quem sabe venha da experiência de 20 anos em terapia comunitária, cujo primeiro pólo ele criou em 1986 com tanto êxito que já supera os 500 mil atendimentos. Mais provável que seja a combinação de academia e prática, bem ao gosto dele.
Na terapia comunitária, a medicina convencional do PSF se escora nas medicinas populares e no acolhimento ao desabafo. Antes de mais nada, todos falam, ouvem e se vêem uns nos outros — a relação do espelho de Freud. “Aqui o remédio é a palavra”, diz Adalberto nesta entrevista dada à Radis em dezembro na sede do 4 Varas.
Como entender o Projeto 4 Varas?
Entre patologia e sofrimento. Temos um posto de saúde do PSF e lá se trabalha a patologia, com médico, enfermeiro, dentista. Aqui se trabalha o sofrimento e a promoção da saúde, usando curandeiros e recursos disponíveis da cultura, como massagem, argila com as pedras mornas, banho de ervas e rezas. Então, são duas medicinas complementares: lá, a patologia com os especialistas; aqui se trabalha o sofrimento promovendo a saúde e reduzindo os danos.
Para que as redes?
Temos as redes armadas para as pessoas se deitarem. A casa acolhe o sofrimento, a dor da alma numa massagem, por exemplo. Observamos que a maior parte das pessoas que geralmente vão aos postos de saúde quer ser acolhida e desabafar, e muitos hospitais e postos estão medicalizando o sofrimento, os problemas existenciais. Uma mãe ansiosa e desesperada porque o filho entrou no mundo das drogas precisa de um psicotrópico para dormir ou ser acolhida? Na massagem ela pode chorar, falar e compreender. Essa é a distinção que queremos fazer aqui, uma medicina científica e popular que aja de forma complementar. Não estão em competição, não estão brigando pela patologia.
Como funciona?
São seis massoterapeutas pagos pela prefeitura. As pessoas encaminhadas pelo SUS recebem a massagem gratuitamente. Vem gente da comunidade mandada pelos médicos do PSF, dos CAPS. Fazem 10 massagens duas ou três vezes por semana e participam da terapia comunitária, de resgate da auto-estima. É a terapia comunitária virando política pública do Ministério da Saúde. A Fiocruz vai ter um pólo formador desta metodologia.
Essa união com a medicina alternativa é o ideal para a saúde pública?
Acho que sim. Não diria medicina alternativa, porque o alternativo pressupõe a exclusão do diferente. Eu chamaria de medicinas complementares. Temos um modelo biomédico centrado na patologia, no medicamento, uma medicina muito cara. Mas existe no cotidiano muito sofrimento decorrente do estresse, da educação dos filhos, do desemprego. Este sofrimento no passado era tratado por benzedeiras, padres, pajés, havia essas instituições de escuta, de apoio. Com a modernização da sociedade, a tendência é jogarmos isso fora e medicalizarmos o sofrimento.
Quando vim para a favela, dei-me conta de que a maior parte das pessoas que vinham falar comigo trazia uma dor na alma que psicotrópicos não resolveriam. Não que eu seja contra: cabem em determinados momentos. Percebi que se ficasse medicalizando os problemas existenciais acrescentaria mais sofrimento. Descobri que não podia exercer a psiquiatria do mesmo jeito do hospital, onde diagnostico e prescrevo medicamentos. Mesmo quando podia prescrever as pessoas não podiam comprar. Essas foram algumas dificuldades.
Estar na comunidade também é um diferencial do projeto?
A gente contextualiza melhor esse sofrimento. Quando uma pessoa diz que está com insônia, a insônia é o sofrimento e a cura é voltar a dormir. A tendência é prescrever um psicotrópico. Quando se está na comunidade e vem uma mulher chorando, com insônia ou engasgo porque a filha de 14 anos engravidou, essa mulher precisa de um psicotrópico, um benzodiazepínico? Ou precisa ser desengasgada pela própria comunidade? Quando a boca cala os órgãos falam: se essa mulher não se desengasgar hoje entra em processo depressivo, de doença mesmo. Então, a terapia comunitária, numa proposta inicial, é criar um espaço de palavra. Aqui o remédio é a palavra. Ela é para quem fala, é para quem ouve. Na troca a comunidade cria vínculos, vai se reconhecendo no apoio. Partindo de uma situação-problema, a mãe viu que 15 pessoas já viveram isso, inclusive na situação contrária: a filha que diz, eu também engravidei com 14 anos. Ela se vê na filha, a relação do espelho de Freud. E entende que tem que ter calma, sabedoria e tolerância.
E gente que vem se tratar acaba tratando...
A Cleinha, quando veio, era também uma pessoa entalada. Quando se curou começou a mandar pessoas, e de tanto mandar vi que tinha capilaridade na comunidade, capacidade de formar uma rede de apoio social. Veio o curso e a convidei. Dona Zilma era doida de pedra, alguém disse que era curandeira também. Um dia estávamos numa terapia e uma pessoa passava mal: ela disse que era um encosto. Então, eu disse, se a senhora sabe o que é, vai fazer, eu não sei. Ela foi, outras pessoas começaram a pedir que ela rezasse e depois não deu mais tempo de endoidar. Dona Francisca me trouxeram neoleptizada, tomava vários remédios, babando. Alguém me disse, ela é rezadeira da umbanda. Eu disse a ela, os meus remédios não dão conta de tanto sofrimento. Ela olhou para mim babando e disse: você acredita que eu vou ficar boa? A senhora não nasceu assim, vai ficar boa. Fui tirando a medicação e orientando, terapia e conversando. Hoje é uma das nossas curandeiras.
Abordagem que olha mais a saúde do que a doença...
Por isso dá certo. Nossas rezadeiras são pessoas desvalorizadas em busca de valor. O doutor não cura câncer, a minha reza cura câncer, dizia, para se valorizar. O meu trabalho tem sido dizer: a medicina de vocês não é para combater a patologia, eu cuido da promoção da saúde. Aí as duas medicinas se aproximam, se valorizam e são complementares. Cada uma é rica naquilo em que a outra é pobre. A medicina popular é rica no afeto, no acolhimento, mas é pobre no tratamento da patologia. Já a medicina científica é rica no arsenal de antibióticos e psicotrópicos, mas humanamente é uma favela existencial. Quando me aproximei dela aprendi a acolher melhor e a valorizar os recursos que se tem. Agreguei valor ao ato médico.
Explique melhor.
Desde o início a nossa pedagogia é centrada na competência, e não na carência. Vivemos num modelo de influência judaico-cristão que valoriza o que não funciona, o pecado, o negativo. Esse modelo desestabiliza o indivíduo, culpabiliza o outro. A pessoa culpabilizada se desestabiliza e busca o salvador. O modelo do salvador da pátria se baseia na carência e no negativo. A nossa imprensa só evidencia o que não funciona, o que funciona não dá notícia. A educação é a mesma coisa: seu filho faz tudo normal, ninguém diz nada, mas se faz alguma coisa errada, o sermão é deste tamanho. Ninguém quer compreender o que funciona, porque não dá status. Sempre conto uma história sobre dois índios tomando banho num rio e vêem duas crianças morrendo afogadas. Salvaram os dois, apareceram quatro, oito, 16. Um dos índios disse: você salva o que puder que eu vou ver quem está jogando esses meninos na água. O índio que ficou salvando os afogados é a nossa medicina curativa: acha que só ela salva, tem as estatísticas, precisa de bons salários, de melhores condições etc. e tem um discurso crítico desvalorizador de quem vai fazer a prevenção e a promoção da saúde, que considera “turista”, “sonhador”.
A medicina popular...
Nossa luta é dizer: você que está salvando o outro, teu trabalho é tão importante quanto o de quem está fazendo a prevenção e a promoção da vida. Aí, no ano passado veio o estudo de impacto da terapia comunitária: 2 mil questionários em dois estados, 88% dos problemas resolvidos in loco, apenas 11,5% encaminhados aos postos de saúde.
Ela já existe em todo país?
Hoje, sim. Já treinei 11 mil terapeutas comunitários, temos 30 pólos formadores no Brasil — a Fiocruz será o 31º. Já foi criada a Associação Brasileira de Terapia Comunitária (www.abrapecom.org.br). O impacto foi esse: apenas 11,5% dos problemas encaminhados aos postos. Multiplique isso por milhares... Há um enxugamento nos postos de saúde, ou seja, o índio — ou o médico — que salva os que estão morrendo continua salvando, respira melhor. Então, nossa idéia é complementar o cuidado. Nós na promoção também tendemos a ridicularizar e menosprezar o trabalho da medicina científica, mas precisamos tanto dela como ela da nossa.
A expectativa de trabalho do PSF...
Exatamente. A academia produz conhecimento, mas a experiência de vida também. Tenho observado: damos melhor o que não recebemos, ensinamos melhor o que precisamos aprender. As que não foram amadas e foram rejeitadas estão acolhendo, as que foram violentadas estão dando massagem, acolhendo a dor do outro. Até hoje uso a metáfora: a ostra que não foi ferida não produz pérola. A pérola é resposta a uma agressão. Toda família está ferida. As vitórias do ano são: meu marido deixou de beber, comprei minha casa, arranjei emprego. Se as pessoas arranjam emprego ficam mais autônomas, conquistam as coisas. Nós intervimos nos determinantes sociais da saúde, evitamos que essa pessoa vire cardiopata, diabética, e daqui a 15, 20 anos precise de tratamento caríssimo. Nosso trabalho é intervir nos determinantes sociais usando os recursos da comunidade, a argila, as mãos, a música e a sabedoria produzidas pelas carências de vida. Eles faziam isso no anonimato, sem reconhecimento. Minha função é oficializar esse poder.
Que conselho dar a quem está se formando em terapia comunitária ou se interessou e não sabe por onde começar?
O curso se faz para acabar com a mania de querer curar o povo. Temos duas fontes geradoras de competência, a academia e a experiência de vida. O saber da academia nos dá identidade profissional como médico, dentista e enfermeiro, o salário financeiro, o saber pela competência. No sofrimento temos ainda o salário afetivo: não é preciso ser médico, enfermeiro, não precisa ter faculdade para exercer a terapia comunitária; não precisa ser psicólogo porque não vai fazer análise, não precisa ser médico porque não vai prescrever remédio. Precisa ter engajamento com a comunidade, uma ação cidadã que transcenda classe social, profissões. Cuidando do outro, curo a mim mesmo.
Como é a capacitação?
São quatro módulos em quatro dias em regime de internato, com intervalo de dois meses, ao longo de um ano. As pessoas vão aprendendo as técnicas de como garimpar a pérola das feridas da vida. Começam por um trabalho pessoal. Como será um trabalho de acolher o outro e escutar, tem que aprender a valorizar e a escutar. É muito prazeroso, porque além do salário financeiro há o salário afetivo. Partimos do pressuposto de que a primeira escola é a família, e o primeiro mestre, a criança que fomos. Com a minha criança aprendi muita coisa. Numa família em que os pais se disputam de forma injusta, a criança que observa se torna mediadora. Sempre atribuímos competência a um livro que lemos, a um curso, jamais ao que vivenciamos. Na terapia comunitária, fazemos a pessoa perceber que a competência dela se inscreve em sua história de vida. Com mulheres injustiçadas pelos maridos descobre-se que em casa a mãe vivera esta situação. Compreender isso dá empoderamento, capacidade para um trabalho genial. O seu Zequinha fala errado, mas quando não estou dirige toda a terapia. Como ele entendeu o espírito, ele faz.
Sem ser médico nem enfermeiro...
Diria que para ser terapeuta comunitário tem-se que gostar de trabalhar com comunidade, tem que aceitar fazer um trabalho sobre si mesmo para desconstruir os modelos mentais que nos foram construídos. Não precisa ser médico nem enfermeiro. Se for, agrega valor. Vai descobrir que não é o salvador nem o bombeiro da pátria: vamos encontrar soluções partilhadas. A pessoa tem o problema, nós temos problemas e a solução vem da partilha.
Fonte: Revista Radis da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
http://www.ensp.fiocruz.br/radis/67/sumario.html
TERAPIA COMUNITÁRIA
• Um oásis para resgate da auto-estima
• “A nossa dor não é só nossa”
• Entrevista: Adalberto Barreto
“Aqui o remédio é a palavra”
Amei tudo neste blog...continue a postar... assim como eu existe mtas pessoas que acreditam na ajuda comunitaria! Fico mto feliz por tudo isso!
ResponderExcluirFiquem com Deus!
TIVE UM CURSO COM Dr.OSÓRIO E ASSISTI UM VIDEO COM ADALBERTO BARRETO, ADOREI, GOSTARIA DE SABER COMO ADQUIRIR VIDEOS. GRATA SELMA
ResponderExcluirE-MAIL:FRANCOEUMATTOS@HOTMAIL.COM